Todo cliente de produtos gráficos, sejam eles profissionais da área ou leigos, tem uma expectativa em relação ao trabalho contratado. É muito comum que o cliente fique decepcionado com a reprodução de cor conseguida por uma gráfica quando ele não tem muitos conhecimentos sobre como a transformação de cores entre a tela de seu computador e a impressora é feita. No caso dos profissionais também existe muita desinformação, sendo comum a crença de que a indicação de uma cor como sendo da tabela Pantone resolve tudo.
Nesse artigo vamos discutir um pouco as possibilidade de reprodução de cor pelo sistemaCMYK, utilizado na impressão de papéis tanto em offset quanto na impressão digital.
Claudia McCue em seu livro sobre produção gráfica nos dá uma simples e exata explicação do problema: "Mesmo que possamos produzir uma extensão muito grande de cores com combinações de azul (Ciano), vermelho (Magenta), amarelo (Yellow) e preto (blacK), o que caracteriza a impressão CMYK , existe um limite para esse tipo de reprodução de cor."
A autora continua: "O olho humano pode captar uma enorme quantidade de cores. Essa quantidade é muito maior do que qualquer monitor de computador pode reproduzir. A quantidade total de cores que podem ser produzidas com tintas é consideravelmente menor do que o olho humano pode ver, ou mesmo do que um monitor pode mostrar."
Consequentemente, imagens que são vibrantes e vivas na tela de seu monitor podem ser ficar mortas e apagadas quando impressas. Isso não ocorre porquê a sua gráfica é incompetente mas sim pelas limitações de espectro de cores produzidas por tintas.
A imagem abaixo mostra graficamente as possibilidades de captação e reprodução de cor.
A forma maior (externa) é uma aproximação das possibilidades de captação de cor pelo olho humano. A linha triangular sólida corresponde às cores que podem ser representadas pelo sistema RGB de um monitor de computador. A forma muito menor, interna, delimitada por uma linha pontilhada, é a possibilidade de reprodução de cores por tintas no sistema CMYK.
Perceba como, com essa restrição, o processo CMYK não cabe inteiramente na faixa de reprodução RGB, ou seja, existem cores reproduzidas por um monitor não podem ser impressas com essas tintas. Algumas cores, notadamente os amarelos brilhantes e tons de azul, caem foram da área que pode ser exibida corretamente em um monitor.
A correção de cores em computadores, mesmo que bem ajustada, tem suas limitações. E o que fazer?
Bem, do ponto de vista do profissional é preciso que escolhas de cor sejam feitas pensando nos meios em que essas cores serão reproduzidas. Por exemplo, designers envolvidos no desenvolvimento de comunicação visual para web sites devem prever a utilização ou não desses trabalhos em outros meios que os não eletrônicos. Uma cor que funciona muito bem em um site pode não ficar bem quando reproduzida em material gráfico, caso de folders ou banners.
Formas de impressão utilizando cores especiais podem também ser escolhidas, no entanto a produção encarece em muito e gráficas que oferecem este tipo de serviço não são facilmente encontradas.
O cliente leigo precisa também ser alertado pois ele tende a achar que as cores vistas na tela de seu computador são as mesmas que serão impressas. No caso da impressão Fine Art esse é um imperativo. Mesmo utilizando até 12 cores na impressão desse tipo, o que aumenta em muito o "gamut" possível de cores, ainda assim os limites de reprodução são grandes.
O bom senso e a informação continuam sendo as melhores opções na avaliação das possibilidades de reprodução de cor nos processos gráficos.
Fontes: "Real World Print Production With The Adobe Creativ Suite" (em Ingles). Autor Claudia McCue. 2009, PEACHPIT PRESS.
Publicado no NewsLetter Carta Gráfica InterD junho de 2010 - receba por email também, clique aqui